O Pai, o Filho e o Carro


Nesse poema se nota Que à força da prepotência Os sintomas do rancor E os rumos da violência Se tornam desordenados Na hora que são tomados 
De encontro à inocência Um garotinho brincava Na frente da moradia Enquanto seu pai voltava Dos averes que fazia Encostava com carinho Um automóvel zerinho Que comprou naquele dia Porém, como a inocência De uma criança não sai Essa criança caiu No que como qualquer outra cai Frágil de raciocínio Com pedaço de alumínio Riscou o carro do pai E continuou riscando Sujando o carro de barro Quando seu pai viu aquilo Gritou, brigou deu esparro E com gesto de vingança Pegou a mão da criança Bateu com força no carro Feriu a mão da criança Numa pancada brutal E daquele ferimento Deu um tétano grande mal Foi o menino coitado Pelo mesmo pai levado As pressas pra o hospital Chegaram no hospital Não existiu outro jeito Amputaram do garoto O seu braçinho direito O pai sem pedir desculpa Sentia o peso da culpa Fervendo dentro do peito Voltaram do hospital Lamentando a cada passo A mãe sentindo tristeza E o filho faltando o braço O pai na sobra da calma Queimava o manto da alma Na fogueira do fracasso Em casa perdeu o rumo De tudo quanto fazia Não olhava mais pra o carro Nem comia e nem bebia Debruçado numa mesa Ouvindo a voz da tristeza Gemendo na moradia Um dia estava chorando Sem ter sossego nem paz Veio seu filho enxugar Seus prantos sentimentais E disse assim papaizinho Quando crescer meu braçinho Seu carro eu não risco mais Quando ele ouviu essa frase Não pode mais suportar Preparou o suicídio e disse Eu vou me acabar Minha viagem está pronta Irei pagar minha conta Do tanto que deus cobrar Minha viagem está pronta Irei pagar minha conta Do tanto que deus cobrar 

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