ESCANDALO DEPUTADO RICARDO MOTTA É ACUSADO DE RECEBER DINHEIRO DESVIADO DO IDEMA




Parte do dinheiro desviado do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) era entregue ao deputado estadual Ricardo Motta (PROS) na Assembleia Legislativa, em um dos anexos da Assembleia e na casa do parlamentar. A informação foi repassada pelo advogado Fábio Hollanda, que defende o ex-diretor administrativo do Idema Gutson Johnson Giovany Reinaldo no processo da operação Candeeiro. A ação, deflagrada pelo Ministério Público em setembro de 2015, apura desvios de mais de R$ 19 milhões no órgão. Porém, segundo Clebson José Bezerril, ex-diretor financeiro do Idema e que também é réu no processo, o valor da fraude deve chegar a casa dos R$ 30 milhões. Em nota, Ricardo Motta negou as acusações de Gutson. "Venho a público manifestar meu repúdio diante de noticiário sobre declaração de ex-diretor do Idema citando de forma espúria e sem provas o meu nome. Nada do que foi dito é verdade. Nada, absolutamente, nada.Por isso, tomarei as medidas cabíveis para que este absurdo não fique impune. Não fui responsável por sua indicação, nomeação, tampouco pelos seus atos e jamais aceitarei a calúnia cometida contra a minha pessoa", diz a nota."Meu cliente disse que por diversas vezes entregou dinheiro, em espécie, pessoalmente ao deputado Ricardo Motta. Esses repasses eram feitos na própria Assembleia Legislativa, em um anexo da Assembleia e até na casa do parlamentar. A testemunha disso é um ex-motorista de Gutson, que pode relatar que ele ía aos encontros com o deputado com uma mala com dinheiro e voltava sem ela. Além disso, colocamos à disposição da Justiça a quebra do sigilo telefônico de Gutson. Isso poderá mostrar a quantidade de vezes que meu cliente e o deputado se falaram nesse período das fraudes", falou Hollanda. Fábio Hollanda voltou a afirmar que Gutson continua interessado em firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público. "O Gutson tem muitas provas tanto testemunhais como documentais que vão mostrar à sociedade do Rio Grande do Norte muito do que acontecia ou ainda acontece na Assembleia Legislativa e também no Poder Executivo estadual", frisou. Medo Gutson Reinaldo prestou depoimento ao juiz da 6ª vara Criminal de Natal, Guilherme Newton Pinto, na tarde desta segunda-feira (22). Ele iniciou o depoimento dizendo que está "preocupado". "Temo pela minha família. O que vou dizer aqui e o que ainda estou disposto a dizer envolve gente importante, influente no Rio Grande do Norte", ressaltou. Durante o depoimento, Gutson confessou as fraudes e disse que parte do dinheiro desviado do Idema era repassado para Ricardo Motta. Segundo ele, 60% da verba fraudada ficava com o deputado, 20% com ele e os outros 20% eram rateados entre dois ou três dos réus do processo. Ele me procurou e pediu dinheiro. Disse que estava com dívidas por causa das eleições de 2010" Gutson Reinaldo, réu Gutson Reinaldo disse que foi nomeado para o Idema no início de 2011. Segundo ele, ainda neste ano foi procurado por Ricardo Motta. "Ele me procurou e pediu dinheiro. Disse que estava com dívidas por causa das eleições de 2010, que precisava de mais dinheiro para as eleições de 2012 e que não tinha mais como tirar da Assembleia Legislativa. Diante disso, eu fiz a ponte entre esse agente político e as pessoas do Idema que sabiam como poderíamos desviar verba", falou Gutson. Essas pessoas do Idema, ainda de acordo com Gutson, eram Clebson José Bezerril e Euclides Paulino de Macedo Neto. 

"Eu os procurei e perguntei se haveria como levantarmos esse dinheiro. Eles me disseram que sim. Diante disso, acertamos que haveria esses desvios por ofícios e que eu repassaria 60% para o deputado, ficaria com 20% por ser o intermediador e que Clebson e Euclides dividiriam os 20% restantes entre eles e qualquer empresário usado no esquema". Gutson admitiu que muitas das vezes recebeu dinheiro em espécie de empresários. Ao todo, ele admite que recebeu cerca de R$ 4,5 milhões nas fraudes. Esse dinheiro foi lavado com a compra de imóveis e na criação de uma revendedora de veículos. "Montei a loja de veículos, comprei nove apartamentos em um prédio de luxo na Zona Sul de Natal, mais um outro apartamento, uma sala comercial, tenho um apartamento a receber e ainda uma casa em construção na cidade de Mossoró. Tudo com esse dinheiro do Idema", confessou. Outros depoimentos Além de Gutson, nesta segunda também prestaram depoimento Handerson Raniery Pereira, Elmo Pereira da Silva Júnior, Antonio Tavares Neto e Euclides Paulino de Macedo Neto. Antonio Tavares, que é empresário, admitiu que participou do esquema e que ficava com 3% de tudo o que era movimentado de forma ilegal nas contas bancárias das empresas dele. Euclides Macedo, que é servidor do Idema, confessou que dividia parte do dinheiro desviado com Gutson e Clebson. Ele disse que ajudou nas fraudes a mando de Gutson. Próxima fase Após ouvir os depoimentos das testemunhas e dos réus do processo, o juiz da 6ª vara Criminal, Guilherme Newton Pinto, deu prazo até a tarde desta terça (23) para as defesas ou o Ministério Público solicitarem novas diligências no processo. "Se tudo correr bem, acho que ainda esta semana devo setenciar ou não os réus. Sobre o fato de um deputado ter sido citado no depoimento de Gutson, não cabe a mim, juiz de primeira instância, analisar isso. Ainda vou decidir como proceder em relação a essa citação", falou. Operação Candeeiro Quatro pessoas foram presas na operação Candeeiro, deflagrada pelo Ministério Público Estadual no dia 2 de setembro de 2015. Um dos detidos foi o filho da ex-procuradora-geral da Assembleia Legislativa do RN, Rita das Mercês. Segundo o MP, Gutson Johnson Giovany Reinaldo Bezerra, ex-diretor administrativo do Idema, é o principal responsável pelo esquema, que teria desviado mais de R$ 19 milhões do órgão. A mãe dele foi presa no dia 20 de agosto na operação Dama de Espadas por suspeita de desvio de recursos públicos na AL. Ela foi solta três dias depois por força de um habeas corpus. Os demais presos da operação Candeeiro são: Clebson Bezerril, ex-diretor financeiro do Idema; João Eduardo de Oliveira Soares, também funcionário do setor de contabilidade do órgão; e Renato Bezerra de Medeiros. O quinto mandado é contra Antônio Tavares Neto. Foram emitidos cinco mandados de prisão temporária, 10 mandados de condução coercitiva e 27 mandados de busca e apreensão em Natal, Parnamirim, Santana do Matos e Mossoró. De acordo com o MP, os desvios dos cofres do Idema aconteceram entre os anos de 2013 e 2014. O juiz da 6ª Vara Criminal de Natal decretou ainda sequestro de bens e valores de pessoas físicas e jurídicas.

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