Um jogo que estimula o suicídio de adolescentes, iniciado na Rússia, atravessou a Europa e pode ter chegado ao Brasil

Prática macabra iniciada na Rússia, onde autoridades somam 150 casos, pode ter chegado ao Brasil. Um jogo que estimula o suicídio de adolescentes, iniciado na Rússia, atravessou a Europa e pode ter chegado ao Brasil. É o Blue Whale Challenge (Desafio da Baleia Azul), que chama a atenção de médicos, psicólogos e pais ao redor do mundo.

Enquanto as autoridades russas contam nos últimos seis meses mais de 150 casos em que adolescentes se mataram após participar desse jogo macabro, o Brasil começa a ter os primeiros sinais de que a prática cruzou o oceano para encontrar vítimas locais. Na última semana, o produtor cultural Bernardo Boëchat, do Rio de Janeiro, se surpreendeu com a quantidade de convites que a página que ele administra no Facebook vem recebendo: cerca de 50 adolescentes por dia, entre 12 e 16 anos, pedem para entrar na comunidade Baleia.

O detalhe é que esses adolescentes não sabem que, no Brasil, a fanpage representa, na verdade, um movimento de empoderamento para pessoas obesas. “Uma enxurrada de gente começou a tentar entrar no grupo, principalmente pessoas muito jovens, por volta dos 16 anos. Começamos a achar isso extremamente bizarro”, diz o rapaz. Depois de tanto recusarem os convites, uma das moderadoras do grupo resolveu entra em contato com uma das garotas que queria acesso ao grupo, perguntando se ela sabia do que se tratava. A resposta foi enigmática:

“Quero participar. Tenho consciência do que quero e pronto. Quero participar e jogar. Não sou nem um pouco acanhada.” Sem entender nada, a moderadora resolveu voltar a perguntar se a menina sabia do que o grupo se tratava. “De um jogo onde vocês dão as regras e eu faço”. Olhando o perfil da menina, o pessoal da fanpage viu um post em que ela dizia “por favor, alguém me adicione no grupo da baleia azul”. A inspiração do jogo é uma crença popular segundo a qual a baleia azul seria capaz de se suicidar indo voluntariamente encalhar na praia.

O “desafio” consiste em incitar os participantes, geralmente em grupos secretos no Facebook, a completar 50 desafios, que conduzem lentamente à morte. 50 passos No começo, as tarefas dadas aos adolescentes são mais simples: desenhar uma baleia em uma folha, passar a noite em claro ouvindo música triste ou vendo filme de terror. Depois, elas vão ficando mais perigosas: os participantes são ordenados a tatuar uma baleia no braço, feita com uma faca ou uma lâmina de barbear. Entre as tarefas, eles também são comandados a insultar os pais, se mutilar nos lábios e, enfim, no 50º desafio, atentar contra a própria vida.

Os participantes dessa prática cumprem uma tarefa por dia. A lista do que fazer é entregue aos poucos por uma espécie de tutor, quase sempre o administrador de uma página secreta no Facebook. A todo momento, eles são avisados de que este é um jogo sem volta. Na Rússia, ao menos uma pessoa foi detida por envolvimento nesse esquema suicida. Em alguns casos, quando os adolescentes chegaram à reta final dos desafios, eles trocaram a foto de capa do perfil na rede social por uma imagem de uma baleia azul. Campanha Na França, o temor de que esse jogo viralize entre adolescentes fez o Ministério da Educação enviar e-mails para todos os diretores de escolas, para colocar as unidades em estado de atenção. Por lá, uma campanha foi iniciada chamada #bluewhalechallenge foi iniciada nas redes sociais.

“Nenhum desafio merece que você arrisque sua vida”, diz um tweet do governo francês. Suicídio é tema de seriado Além do jogo macabro, o suicídio está sendo abordado em uma série que virou “febre” no Netflix, o 13 Reasons Why, baseada no romance Thirteen Reasons Why, de Jay Asher. É a história de um estudante que encontra em casa uma caixa contendo sete fitas cassete gravadas por uma colega que tinha se matado. Nas fitas, ela explica a treze pessoas como eles desempenharam um papel na sua morte. Especialistas advertem que adolescentes são vulneráveis a armadilhas e à depressão, porque estão sofrendo a pressão de sair da infância, das descobertas da vida afetiva e da sexualidade.

“Adolescentes precisam de supervisão, o que não significa vigilância”, explica Valeria Christina de Souza, psicóloga especialista em psicoterapia cognitivo-comportamental. Para a psicóloga Any Carolina Ribeiro Silva, do Colégio Novo Tempo, o seriado chegou muito forte entre adolescentes. “Tanto o seriado e o jogo, ambos têm a temática do suicídio, isso deixa claro o quanto eles (os jovens) não estão sendo ouvidos, estão sendo negligenciados, precisando de afeto e ajuda”. Valéria frisa que é preciso ficar atento ao comportamento. “Mudanças na alimentação, no sono, isolamento, dificuldade em se concentrar, falar ou pensar com clareza, referir sentimentos de desesperança, culpa, angústia e falar em ir embora”.Confira aqui os 50 desafios.

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