TCE REPROVA POR UNANIMIDADE AS CONTAS DE 2016 DO GOVERNO ROBINSON

O governador Robinson Faria começa a partir desta segunda-feira a viver o que pode ser o declínio irreversível de sua gestão, que, a depender do jogo de bastidor em andamento, não chegará a 31 de dezembro de 2018, quando terminaria naturalmente seu mandato.

O Tribunal de Contas do Estado decidiu, por unanimidade, desaprovar as contas de gestão de Robinson Faria. O julgamento está longe de se encaixar apenas na técnica. É questão política.

Foi por uma questão política, transmudada em argumento técnico, que defenestraram Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. A partir de agora, o enredo que se desenha é para que ocorra o mesmo no Palácio dos Despachos.

O resultado do TCE tem efeito de parecer, pois caberá à Assembleia Legislativa referendar ou rechaçar o que na Corte foi decidido.

Mas há diferenças. Enquanto para tornar inelegível, impedindo de se disputar uma eleição, é obrigatório que a Assembleia se acompanhe o TCE, para um pedido de impeachment basta o parecer da Corte de Contas. De todo modo, é na Assembleia que se dará a discussão sobre a deposição do governador.

A essa altura, Robinson já identifica as digitais da manobra de quem olha para 2018 e pensa o seguinte: não podemos apoiar Fátima e é inviável apresentar palanque para a reeleição do governo que aí está.

Entrincheirado pelo avanço dos poderes; ensurdecido pela grita dos servidores públicos; desaprovado por uma política de segurança pública que não decolou; encalacrado por uma denúncia no Superior Tribunal de Justiça, Robinson Faria está acuado.

Foi sua posição de quase imobilização que as circunstâncias empurraram para sua sala que permitiu ao TCE assumir o papel dos peões no xadrez político.

No xadrez, os peões sempre vão na frente.

Com reiteradas orientações e determinações sobre o saque ao fundo previdenciário desobedecidas, a Corte de Contas manda avisar que não é instituição figurativa.

Não sendo convidada para reuniões recentes onde se discutiram entre outros poderes formas de sacar recursos previdenciários, a Corte se exasperou. 

Topou reprovar as contas.

Tinha argumento técnico e motivação política. Mais essa que aquele.

É questão de dias para surgir a questão do impeachment, que virá ancorada no discurso da intransigente necessidade do cumprimento das regras.

Mais do que de regras, precisamos de novos fins e valores. Isso, as instituições que aí estão, maculadas pelo peso abusivo do poder econômico e pela disseminação do cinismo, não podem nos dar.

Postar um comentário

0 Comentários